O Departamento de Engenharia de Recursos Minerais e Energéticos (DER) do Instituto Superior Técnico está a criar um digitalizador para blocos de mármore que, utilizando Inteligência Artificial, consegue prever a textura interior dos blocos, antecipando as cores e desenhos dos veios que surgirão após o corte. Esta inovadora ferramenta promete transformar a indústria do mármore e posicionar as empresas portuguesas na vanguarda mundial do setor.
Segundo Gustavo Paneiro, investigador e docente do DER, esta tecnologia permitirá “visualizar com precisão a variedade de padrões possíveis a partir de um único bloco”. No futuro, clientes como arquitetos, decoradores e consumidores finais terão acesso a um catálogo virtual com milhares de padrões possíveis, dependendo do ângulo de corte da pedra. A escolha do cliente determinará então o corte de cada bloco, tornando as empresas mais eficientes e competitivas no mercado global.
Uma das principais vantagens desta tecnologia é a redução da matéria-prima necessária. Jorge Galrão, diretor de exportação do Grupo Galrão, destaca que “prever o interior dos blocos será útil em todos os segmentos de mercado, mas será particularmente valioso nos mercados ‘premium’ dos Estados Unidos, Médio Oriente, Canadá, Alemanha e França”. Nesses mercados exigentes, será possível atender pedidos específicos sem a necessidade de cortar vários blocos para encontrar os padrões desejados, resultando em cortes precisos que correspondem exatamente às necessidades dos clientes.
O projeto está atualmente em desenvolvimento numa escala laboratorial na nossa fábrica em Pêro Pinheiro. A longo prazo, o objetivo é otimizar a gestão de matéria-prima necessária para cada encomenda, diminuir os desperdícios e aumentar o valor comercial do mármore, que muitas vezes é subvalorizado.
“Esta é para nós uma vantagem competitiva significativa e que dá um novo sentido à nossa assinatura ‘Tudo Começa na Pedra’, conclui Paulo Diniz, administrador do Grupo Galrão.